sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MANIFESTAÇÕES POPULARES

Passadas através de gerações, as manifestações populares são um forte traço cultural da cidade de Salvador. O folclore da cidade reúne elementos artísticos feitos do povo para o povo, sempre ressaltando o caráter de tradicionalidade destas representações.

AFOXÉ

De origem Africana, apresenta elementos ligados à religiosidade do Candomblé, levando AXÉ (energia positiva) aos festejos dos quais participam. Os Afoxés, ao se prepararem para desfilar sobretudo no Carnaval, são protegidos espiritualmente seguindo os rituais Afros, com oferendas aos Orixás.

Em Salvador é impossível não constatar a beleza dos Filhos de Gandhy que, vestidos de branco, estendem-se pelas ruas e avenidas durante o Carnanum grande cortejo que, visto do alto, mais parece um grande tapete branco. Das contas de Orixás em azul e branco são feitos os colares que implementam a indumentária e protegem os Gandhys. O turbante de cor branca na cabeça é uma homenagem ao Orixá Oxalá, que propaga a paz presente nas mentes dos seguidores do Afoxé.

Os cantos e a dança executados durante o desfile estão também ligados ao Candomblé. O canto é em língua Nagô; os instrumentos musicais mais utilizados são os atabaques e os agogôs.



CAPOEIRA

A Capoeira é uma territorialização da presença negra ao Brasil, às regiões diversas, embora haja uma certa polêmica entre estudiosos, admiradores e jogadores de Capoeira quanto à sua real origem. Alguns seguem a vertente que crê numa Capoeira de raízes estritamente africanas – segundo o professor Fu Kiau, a palavra Capoeira possivelmente provenha de uma variação da raiz lingüística Kikongo, na África, para o vocábulo Kipula ou Kipura, que quer dizer, entre outras coisas, 'lutar'. Outros crêem numa Capoeira estritamente brasileira – leia-se o seu nome de possível origem indígena, por linhagem lingüística Tupi: 'Caápuera' quer dizer 'mato que foi cortado', 'mato ralo'. Há, ainda, aqueles que são partidários de uma Capoeira de uma certa essência dupla, cuja constituição afinca-se na África e no Brasil, ou seja, poderá a arte de capoeirar ter inspiração africana na Dança das Zebras, mas o seu real desenvolvimento dá-se em território brasileiro.
Salvador, onde tais expressões muito se desenvolveram (Mestre Bimba, por exemplo, muito absorveu das outras expressões de marcialidade na estiva da capital da Bahia para conceber a Capoeira Regional – a Capoeira levantada - precedida pela Capoeira Angola, arte de contato com o chão, em que Mestre Pastinha foi o grande expoente), há um terceiro estilo de Capoeira, por muitos conhecido como Capoeira de Rua.

No dia 03 de outubro, comemora-se o Dia Nacional da Capoeira.


SAMBA DE RODA

O samba de roda surgiu a partir da união de muitos elementos de dança dos diferentes povos africanos numa espécie de intercâmbio cultural.


Em Salvador, a dança ganhou identidade por ter sido a capital um dos grandes pontos de concentração dos negros.

A coreografia é acompanhada de música em compasso e ritmo tradicionais, utilizada como divertimento dos africanos no período da escravidão. Até então, apenas instrumentos de percussão na sua grande maioria eram empregados. Posteriormente passou-se a utilizar instrumentos de corda como o violão e o cavaquinho. Nos dias atuais, existem muitos tipos de samba, de cujas variações surgiu o famoso pagode baiano, que utiliza em seus arranjos instrumentos eletrônicos como os teclados.

O samba original possui características tradicionais que o subsubdivide em samba de roda (com melodia e palmas que respondem ao ritmo de atabaques), o samba de umbigada (com convite corporal para substituir o dançarino solista) e o samba duro (acompanhado de atabaques e pandeiros, no qual as mulheres fazem o coro e apenas os homens dançam).

MACULELÊ

De impressionante efeito plástico, o Maculelê pode ser coreografado com bastões ou até com facões que refletem faíscas.


Os participantes apresentam-se com vistosas fantasias compostas por uma espécie de sarongue feito com 'palha', além das pinturas pelo corpo, inspiradas nas tribos africanas. Há quem diga que esta manifestação era um divertimento que os escravos praticavam nas senzalas, mas na verdade são contraditórias e pouco esclarecidas suas origens. Tem-se como um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais.

Essa manifestação de forte expressão dramática é praticada apenas por homens que dançam em grupo, batendo bastões de madeira no ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em linguagem popular ou em dialetos africanos. Em Salvador, o Maculelê acompanha as rodas de capoeira e shows folclóricos, irradiando a vibração dos atabaques e bastões.

FOLIAS DE REIS

A Folia de Reis é uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou em Salvador no século XVIII. Nas terras lusitanas, tinha como principal finalidade entreter a população local.


Aqui, por outro lado, foi acrescido de um valor religioso. O reisado, herdado dos colonizadores e aqui desenvolvido com características próprias, é uma manifestação de rara beleza.

A festa anuncia a chegada do Deus menino e inicia-se logo após do dia 24 de dezembro, estendendo-se até o dia 6 de janeiro. Em Salvador, a festa é tradicionalmente realizada no bairro da Lapinha, com o desfile de um cortejo organizado pela comunidade local.

À frente do cortejo desfilam os personagens que representam os Três Reis Magos, vestidos de maneira imponente e levando como presentes para o Deus Menino o ouro - que simboliza a riqueza, o incenso - da purificação e a mirra - que concede a imortalidade. O desfile também é composto por alegorias lembrando os pastores que também foram ao encontro de Jesus.

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